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sexta-feira, 22 de maio de 2009

Joãosinho e a troca de nome!

Cheguei tarde na noite de quarta para quinta-feira. Como sempre o Joãosinho estava me esperando. Dessa vez, num lugar ainda mais bizarro. Atrás da estante. Procurei em todos os cantos, mas lá estava ele. No local mais difícil de achá-lo.
Quando eu o encontrei, deu um sorriso e disse:
-Pai, vem aqui...
Entrar na toca já havia sido um desafio e tanto. Mas agora era impossível! Um espaço estreito, minúsculo. Não haveria como chegar. Fui entrando e entrando. Meu nariz prensado contra a estante. De repente encontro meu cd favorito dos Engenheiros passeando atrás da estante também. O Joãosinho adora construir casas de cds, mas o dos Engenheiros eu não havia permitido. Mas ,nesse momento, quem era eu para discutir. estava prensado e um pouco desconfortável. Até que cheguei ao seu lado.
-Tá Joãosinho, o que tu quer?
-Pai, quero trocar de nome!
Fui tomado pela fúria de um viking!
-Jamais! Pensei no teu nome durante meses! Sempre quis um filho que eu pudesse chamar de Joãosinho! Desiste! Pede outra coisa!
Ele tentou argumentar.
-Mas pai...
Fui taxativo, exerci a função paterna na sua essência. Colocando limites no pequeno João!
-Filho, desiste! Nem tenta. Arranja algum outro assunto!
-Mas pai...
-Joãosinho, já falei!
Sendo mais rápido que eu, ele concluiu:
-Pai, quero me chamar ANDREZINHO!
Tomado de um profundo carinho pelo meu amado filho, o Joãosinho, pensei e concluí:
-Está bem filho, mas é somente hoje!
O que a gente não faz pelo "filho" do coração.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A toca do Joãosinho


Ontem, quando cheguei em casa, lá estava o Joãosinho, meu filho. Notei algo estranho. Por que ele não estava escondido? O que havia acontecido para ele estar dentro da sua toca com as milhares de bolinhas?

Não demorou muito para eu descobrir.

-Pai, tu me pediu as bolinhas ontem, lembra?

-Claro, Joãosinho...e o que tem isso?

-Entre aí que vamos conversar...

Olhei aquele espaço diminuto e fui tomado por uma angústia extrema. Naquele instante, vi que todo o tratamento para claustrofobia seria colocado em teste.

-Mas Joãosinho....(tentei argumentar, sem êxito)

-Pai...entra aí!

Venci todos so medos. Lembrei da minha infância e dos malucos do Cirque du Soleil e fui entrando. Realmente era muito pequeno. Era perna de um lado, barriga do outro, braço para fora, a toca estava sendo tomada. Havia um gigante invadindo aquele espaço proibido!

Depois de 25 minutos entrei completamente dentro da toca.

-Pronto filho...e agora! Qual o assunto?

-Bom pai, quero o teu playmobil...

O que a gente não faz por um filho. Entrei na toca, mas o playmobil, JAMAIS!

terça-feira, 19 de maio de 2009

A evolução do mundo moderno


O Joãosinho me chamou para conversar.

-Pai, olha só. Achei uma foto enquanto eu navegava na web...o que tu acha dessa revistinha aí?

Imagens falam mais que mil palavras!

De pai para filho...

Sempre tive um certo receio da primeira conversa mais séria com o Joãosinho, meu filho. Entendo que existem assuntos de que são fáceis de serem tratados: sexo, drogas, time do coração. Entretanto, tem um que me deixou com medo. Pedir um brinquedo seu emprestado. E ontem foi esse dia.
Quando cheguei em casa ,tarde da noite, ele estava me esperando. Ele agora está na época de se esconder pela casa e eu tenho que encontrá-lo. Os locais são os mais diversos e inacreditáveis possíveis. Dentro do roupeiro, na máquina de lavar, atrás de um estante que nem mesmo os artistas do Cirque Du Soleil se atreveriam entrar. Achei ele, peguei ele, deixei ele se manifestar bastante. Até que tomei coragem:
-Filho, temos que conversar um assunto sério...
-Âaaaaaaaa????
-Sim...pela primeira vez...espero que entenda a dificuldade que é para mim...
-Seria sexo pai????????
-Não filho, isso é um pouquinho mais adiante esse assunto...(o Joãosinho tem 1ano e 3meses!)
-Filho...preciso de 4 bolinhas da tua piscina! Falei!
-O que????????????? Tu tá louco?????? Acho que tu tá trabalhando demais!
Nesse instante, percebi que a tarefa seria ainda maior do que havia me programado.
-Joãosinho, olha só...te trago mais bolinhas...tu me empresta 4 e eu te trago mais um saco cheio de bolinhas, VERMELHAS...que acha??????
-Pai...não vou nem prosseguir...
Depois de duas horas de conversa me lembrei: jamais emprestei meu playmobil!!!!!!!
Esses filhos!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Pânico, não o da TV!

Dentre todas as doenças psiquiátricas, o pânico vem tomando grande destaque. Mas não pense que é pelo programa de TV! É pela grave repercussão que tem nas pessoas acometidas por essa doença.
Imagine viver ansioso o tempo todo. E aos poucos os sintomas aumentam de intensidade e começam a interferir no dia a dia da pessoa. Passado mais algum tempo, a pessoa tem um medo súbito, intenso, sensação de perda de controle, entre outros sintomas.
Para muitos incrédulos nas doenças psiquiátricas, que dizem se tratar de frescura um ataque de pânico, aconselho conversar com a vítima durante o ataque. Certamente ela vai mudar de opinião. Primeiro: porque não obterá respostas aos questionamentos feitos naquele momento. Segundo: a situação aparentará um quadro mais grave e o leigo-doutor não saberá como agir. A partir de então, pensará muito e chegará a conclusão de que aquilo não é brincadeira.
Por envolver, muitas vezes, sintomas somáticos (sintomas que o corpo emite...) tais como: falta de ar, aperto no peito, boca seca, palpitações, a doença é, muitas vezes, mal diagnosticada.
Boa parte dos pacientes chegam no consultório do psiquiatra com uma extensa lista de exames e consultas previamente realizadas. Entretanto, sem nenhum diagnóstico. Fosse antigamente, diria-se que é uma coisa do capeta, um encosto.
Como não acredito, tanto, no misticismo, aconselho consultar um psiquiatra.

Dick Vigarista, Obama e a ONU



Fui surpreendido ,hoje à noite, com um carro de som em frente ao meu prédio. Aliás, malditos carros de som! O que leva o indivíduo a ter um carro desses? Não pode querer uma festa particular. Isso é tudo que ele não terá. Mas vamos aos fatos. O Joãosinho, meu filho, me acordou preocupado.
-Pai, tem um cara estranho, num carro estranho aí na frente!
-Calma filho, o cara que tem um som desses, ligado às 4 horas da manhã, só pode ser estranho!
-Não pai...ele é muuuuuuito estranho!

Fui correndo. Ao ver os meus trajes me lembrei do meu pai. Um velho pijama furado! É hora de trocar. O Joãosinho deve ter ficado com vergonha. Bom, eu também ficava e estou aí vivo para contar a história.
Voltando, maldita prolixidade!
Realmente, o Joãosinho deveria ter ficado muuuuuuito surpreso!
-Raios, raios duplos Daniel! Como é que tu descobriu a semelhança? Ps. Dick convive com gaúchos, por isso o uso do tu!

Era ele: Dick Vigarista! Naquele momento me emocionei! Sabia que o abandono moveria o coração do frio Dick Vigarista!
Colocou uma série de músicas românticas. Algo do tipo Victor e Leo (Borboletas, a primeira!), entre outros ícones do cancioneiro popular brasileiro. Disse que não abrirá mão do Mutley. Que sem ele a vida perdeu a graça. Inclusive ameaçou chamar o conselho de segurança da ONU! Fez contato com o Obama e estão organizando um levante dos EUA contra a fuga do Mutley!
Onde vão parar esses relacionamentos...

Pinel e os amigos

Fiquei com medo de encontrar um louco pela rua e fui atrás do cara que começou a estudar isso tudo. Encontrei um tal de Pinel...essa imagem me deixou reflexivo. Realmente, eram métodos um tanto diferentes, pouco ortodoxos de tratamento. Enfim, viva a tecnologia.

SIMERS e os leitos psiquiátricos

Hoje pela manhã ouvi uma propaganda do SIMERS (sindicato médico do RS) que falava sobre a falta de leitos psiquiátricos. Aparentemente, parece mais um problema do caótico sistema de saúde brasileiro. Tentei entender um pouco mais sobre essa história.

A psiquiatria ainda é vista como a especialidade de loucos. Diga para um amigo: cara, acho que tu tem que consultar com um Psiquiatra! Provavelmente, dependendo do amigo, você será agredido e ,certamente, perderá a amizada do amigo, um pseudolouco! Claro, no seu entender ele precisa de ajuda.

A visão distorcida da psiquiatria remete aos remotos tempos da incapacidade de compreender os distúrbios psiquiátricos. A evolução digital dos últimos 50 anos foi acompanhada de perto pela Medicina. Exames que exploram o interior do corpo humano com um riqueza surpreendente de detalhes estão cada vez mais ao alcance da pessoas e de seus médicos.

O que houve foi a imagem distorcida do psiquiatra como o médico dos loucos! Sim, isso mesmo, o médico que cuida de loucos. Por isso é tão feio consultar com esse cara. A evolução da tomografia e da ressonância magnética mudaram a visão da doença mental. Hoje, é possível não só avaliar a porção anatômica do indivíduo, mas também a parte funcional do cérebro. Sabe-se exatemente onde estão as áreas responsáveis pelos sentidos, pela fala, pelo controle das emoções. Esse conhecimento gerou uma especialidade moderna e eficiente.

Talvez por desconhecimento técnico da medicina, algumas pessoas ficaram na era pré-evolução. E agarradas a conceitos de que os loucos devem ser cuidados de forma diferente, sugeriram a redução dos leitos psiquiátricos. Tente internar um paciente vítima de crack para você ver a dificuldade. Os hospitais estão despreparados para recebe-los. Não existem leitos e profissionais qualificados. Tudo isso em relação a visão de pessoas que ainda acreditam que os hospitais psiquiátricos funcionavam como depósitos de pessoas.

Concordo que um dia isso foi assim. Hoje, não é mais. Privar o dependente químico de cuidado e atenção. Oferecer um local adequado que lhe ofereça segurança. Tanto para ele como para os que o cercam.

O que vemos hoje, são notícias de mães que matam seus filhos. Como um último recurso para manter a sua própria vida. Será que isso é o normal? Não sei...acho que não. Devo estar ficando louco e escutei vozes no rádio...foi uma alucinação auditiva essa notícia. Não me mande ao psiquiatra!