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segunda-feira, 4 de março de 2019

Canções de amor, empatia e comportamento humano

Canções de amor, empatia e comportamento humano

Em pleno carnaval cumpri meu dever e assisti “Nasce um estrela”. A arte me fascina. Indicar filmes é uma dessas tarefas difíceis. Mas taí um baita filme. Bradley Cooper e Lady Gaga estão impecáveis. A trilha sonora é um capítulo à parte. Eu sei, todo mundo tá escutando “Shalow”...impossível não escutar. Aliás: presta atenção na letra. 

O filme é uma forma de refletir sobre o comportamento e as relações humanas. Mas ele vai além. Ele toca em pontos da fragilidade de cada um. Muitas vezes, não basta termos talento de sobra. Há, e isso pode parecer contraditório, uma força que move alguns indivíduos talentosos, criativos e brilhantes para o lado destrutivo de suas próprias vidas. E isso é, ainda, incompreendido por todos que estudam essa, ainda, nebulosa área. Acredito que é simplista demais tratar como um diagnóstico e rotular dessa forma. Aqui também não é espaço para isso. 

Não pretendo dar spoiler do filme, mas o temperamento e a atitude do personagem interpretado por Bradley Cooper é semelhante ao de outros artistas que tivemos a oportunidade de acompanhar durante suas carreiras. Se pegarmos, somente aqui, no nosso país, Cazuza, Renato Russo, Chorão, Cássia Eller...todos inesquecíveis no talento e na originalidade.

Suas obras marcaram, marcam e seguirão marcando a vida das próximas gerações. Suas letras traduzem os mais profundos sentimentos da nossa alma. Suas músicas marcam as nossas vidas. 

Renato Russo diz: “Sexo verbal não faz meu estilo / palavras são erros e os erros são seus / não quero lembrar / que eu erro também”..

Cazuza delicadamente diz: “Pra que mentir / fingir que perdoou / tentar ficar amigos sem rancor / a emoção acabou / que coincidência é o amor / a nossa música nunca mais tocou”...

Chorão cantou: “como se o silêncio dissesse tudo / um sentimento bom / que me leva pra outro mundo / a vontade de te ver já é maior que tudo”...

E a voz rouca de Cássia Eller imortalizou a genial letra de Renato Russo cantando Por enquanto: “Mas nada vai conseguir mudar o que ficou / quando penso em alguém, só penso em você / e aí, então, estamos bem”...

A música vai muito além da questão acústica ou de um jogo de acordes e tons. Ela nos emociona, criando memórias inesquecíveis. Daniel Levitin no maravilhoso livro “A música no nosso cérebro” explica um pouco melhor esse fenômeno. Os “hits” criados e que marcaram a vida de todos nós vão além do processo físico que envolve a onda emitida pelo som. Os hits modificaram alguns caminhos lá dentro. Lembramos de detalhes mínimos do que acontecia naquele período específico de nossas vidas. 

O paradoxo disso é que a criatividade teria surgido do imenso sofrimento que eles estavam sentindo? A pressão daquele instante fez nascer a letra e a melodia? É naquele contexto que nascem as mais lindas canções de amor? Um perfeita contradição, um paradoxo sem igual. Para alguns artistas geniais a expressão de suas emoções surge no exato instante em que o amor ficou parado no tempo e/ou perdido no espaço. 

Buscar a resposta para isso é como ir até o Vale do Silício e tentar criar um aplicativo com infinitos algoritmos tentando explicar o inexplicável. Só existiu um Renato
 Russo. A criatividade humana é única. Em tempos de inteligência artificial e outros avanços tecnológicos fantásticos existem reservas exclusivas do ser humano, tais como a capacidade de sofrer, errar, criar e amar. A empatia não estaria concentrada na letra e na melodia de uma canção de amor? 

Com diz a letra de Shallow:

“I’m off the deep end, watch as I dive in
I’ll never meet the ground
Crash through the surface
Where they can’t hurt us
We’re far from the shallow now”

Se tu não assistiu “Nasce uma estrela” tá perdendo tempo. No mínimo, escuta a trilha sonora...

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