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sábado, 4 de agosto de 2012

As viagens do ancião e o olhar que fala...






O ancião (ok, desde que percebi os primeiros fios de barba branca me senti meio Moisés, uma coisa catártica mesmo! Por isso meu pseudônimo virou o ancião) tem trabalhado muito nos últimos anos. O legal é que na estrada do meu "trabalho" conheci muita gente legal. Aprendi muitos caminhos por essas estradas que percorro semanalmente. Devo ter mais horas de BR101 do que vários de vocês tem de vida. Exagero? Façam as contas! Só de RS foram (antes da reforma, das sinalizações, do túnel, das placas de cuidado com os animais silvestres que podem cruzar no teu caminho...etc) no mínimo duas horas. Em SC mais 3h. Logo, temos 5 horas. Ida e volta, somadas, 10 horas. Mutiplicando-se esse número pelo número de finais de semana do ano...vezes o número de anos...nah...hora de parar. 

Taí um outro lance legal. Hora com aga é tempo...ora sem aga é sem tempo...putz...estranho isso. Uma letrinha na frente das outras faz tanta diferença. A maioria dos SMSs que recebo me perguntam qual é a hora. Legal, eu respondo. Esse é o tempo físico, real, concreto...será? Eu nunca vi um minuto andando solto por aí. Acredito que o tempo é uma unidade de medida de algo que não gostamos nem queremos medir. Se é uma situção ruim queremos que passe rápido. Se é uma situação boa não queremos que termine. Triste esse lance do tempo. Na real ele nunca preenche todos os "tempos" que nós queremos e precisamos.

A outra ora é um pouco mais complexa. Dessa vez, não são mensagens, mas é "uma" mensagem, um único SMS. Algo do tipo: ora, ora, ora... Bah, esse tempo que o "ora, ora, ora..." quer dizer é muito concreto. Andar no fio da navalha não é uma das sensações mais interessantes do mundo. Saltar do avião sem o para-quedas reserva é "meio arriscado". Essa unidade de medida da "ora" é muito mais assustadora. Confesso que a reação tem que ser bem pensada. Qualquer resposta que seja vaga pode aumentar o tamanho da "ora". 

Algumas vezes, o sorriso resume o tempo e o tipo da hora/ora usada. Um par de olhos são devastadores para o tempo. A temida "encarada", que nada mais é do que uma "simples" troca de olhares, diz muito. Quando o olhar é triste, quando o olhar é tensionado por um momento decisivo, quando o olhar é de descoberta, quando o olhar é de despedida, quando o olhar é de saudade. Uma das minhas bandas favoritas, o falecido Oasis, diz mais ou menos assim: 


Slip inside the eye of your mind 
Don't you know you might find
A better place to play

Pois é, seria mais ou menos o seguinte a tradução literal: 

Deslize para dentro do olho de sua mente 
Você não sabia que poderia encontrar 
Um lugar melhor para brincar?

Como o título da música diz, don't look back in anger, não olhe pra trás com raiva. Sério, o cara tá pedindo o seguinte - parece simples o pedido lúdico e lúcido dos irmãos Gallagher, eu disse parece! - não me olha com aquele olhar que EU conheço e, muito menos, não usa o TEU olhar com raiva comigo. O olhar mostra a parte de dentro da alma. Os sentimentos mais secretos estão trancados a sete chaves atrás do olhar. 

Além de indicar o caminho pra entrar mente adentro o olhar mostra os caminhos pra "brincar". E também o melhor lugar pra tudo isso. A imagem da garrafa de vinho, o sofá da sala, o centro da casa que foi invadida pelo olhar. O olhar que o meu olhar viu no teu olhar...

Ora/hora dessas descubro um motivo pra tudo isso...um dia...ora, ora, ora...


Ps: ao som de Oasis, na Latitude 33, o paradoxo do olhar perdido/perfeito...

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