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segunda-feira, 30 de julho de 2012

O urso polar, o beijo e o não esquecimento...


Nunca pensei muito no que realmente me motiva a escrever. Acredito que as situações sejam as mais diversas possíveis. Uma imagem na internet, uma notícia no jornal, uma música no rádio do carro. Bah, acho que a imensa maioria das minhas ideias absurdas surgem dentro do carro. Minha falecida vó Célia já dizia: "cabeça vazia é a oficina do diabo Daniel". Eu confesso que o pequeno Daniel não entendeu muito bem a mensagem. Quando criança o mundo é muito concreto. Fiquei um longo período divagando sobre a existência do diabo dentro da minha cabeça. Não era bem essa a intenção da mensagem. Passados alguns anos, talvez décadas, o ancião Daniel consegue capturar e ,talvez, compreender essa mensagem. O que minha vó quis dizer é que precisamos do ócio para pensar. 

Em pleno período de férias eu fiquei alguns dias no ócio improdutivo. O consultório fica com diversos horários vagos. Aí é que mora o perigo. Justamente, nesses intervalos, a cabeça se coloca a pensar e, na maioria das vezes, são pensamentos abstratos. Digo abstratos porque eles levam a reflexão. Nesses momentos de solidão é preciso parar e pensar, pensar e pensar. O grande barato do pensamento é que ele não tem limite. Por mais chavão que pareça esse é o momento de dar asas a imaginação. 

Nah, não é sempre a imaginação que se faz presente. Existem alguns pensamentos que saem do plano imaginário e migram para a "concretude" do mundo real. O imaginário parece assustador. Eu disse parece. Comparo essa situação ao pensamento obsessivo em determinadas situações. Um jantar inesperado, um beijo surpreendente, uma mensagem que resolva tudo, uma surpresa que pode ou não acontecer. 

Depois que um encontro acontece tudo muda. Não existe mais o que já foi. Existe o que mudou. Uma nova ordem dos fatos. Sim, a ordem dos fatores, nesse caso, modifica o produto final. Ganhei um livrinho com frases de W. Shakespeare e uma chamou a minha atenção, dizia assim: "O amor não se vê com os olhos mas com o coração..." Pois é, acho que é isso mesmo. Existe uma lógica que diz para não "entrarmos" em determinados lugares, pois eles são assustadores. Mas é aí que o pensamento, dominado pelo maldito/diabo resolve trabalhar dentro da sua oficina. Nesse caso, comumente chamado de pensamento. E, pra piorar tudo, o MEU pensamento. 

Se a memória depende da emoção pra funcionar melhor, nada mais ideal que esse tipo de situação. Um jantar, uma conversa, aquele momento único, que começou no sonho e mudou de lugar. Quando as coisas "rolam", quando as coisas dão "liga" fica praticamente impossível não pensar. Sou fascinado pelo momento. As situações únicas são inesquecíveis, duradouras, ficam entranhadas na memória. Óbvio que seria melhor se elas se repetissem mas nem sempre é assim. 

Um exemplo, vamos lá. Um psiquiatra americano tem todo o seu trabalho centrado em uma única frase: "NÃO PENSE NUM URSO POLAR!"...no que você pensou? Eu sei, tente esquecer e eu digo: "NÃO PENSE NUM URSO POLAR!". A sua cabeça está dominada pela imagem do MALDITO URSO! Pode ser o do AnimalPlanet, pode ser o urso de pelúcia do teu quarto, pode ser o Urso da Coca-cola, mas ele está aí, dentro da TUA oficina. 

Em um dia frio, a imagem do meu urso polar é contínua, persistente, obsessiva. Maldito urso polar...

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